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Síndrome do homem das cavernas

Todo homem é o extrato de todos os seus antepassados. — RALPH WALDO EMERSON

Imagine por um momento como seria viver 100 mil anos atrás. Os seus sentidos estão em alerta total enquanto você caminha pelas margens de um rio procurando comida: um peixe nadando no córrego, plantas comestíveis ou animais para caçar. O sol está quase a pino e você já andou dez quilômetros hoje — seus pés calejados o levarão mais dez quilômetros antes do fim do dia


Em algumas horas, você faz uma pausa para tomar água e procura uma sombra: faz muito calor no meio da tarde e o descanso o ajudará a Conservar Energia (que discutiremos adiante).


Enquanto caminha, seus olhos se focam em um pequeno arbusto a uns seis metros de distância. Seu coração começa a bater mais forte — você reconhece o padrão das folhas e sabe que tanto as folhas quanto as raízes são comestíveis. Você começa a cavar a terra ao redor da base da planta para expor as raízes, com a intenção de colocar o arbusto inteiro na rústica cesta trançada que leva nas costas.


De repente, você nota um movimento pelo canto dos olhos. A um metro de distância, uma naja enorme prepara o bote, exibindo o pescoço dilatado e presas afiadas. Não há tempo para pensar — a adrenalina o invade, seu coração acelera e você dá um salto e corre o mais rápido que consegue, deixando a comida para trás.


Você corre até ficar claro que a ameaça se foi e passa alguns minutos se recuperando, tremendo de exaustão e estresse enquanto a adrenalina se dissipa. Você está decepcionado por perder a comida, mas não valia a pena arriscar a vida.


Quando se recupera, você continua a procurar comida e sombra para se proteger do sol escaldante. Hoje à noite, voltará à sua tribo para dividir a comida que encontrou.


Você conhece bem todas as pessoas do grupo, composto de apenas umas quarenta pessoas. Vocês se agruparam principalmente para se proteger de animais selvagens e de outras tribos, que tentam regularmente atacar sua tribo para lhe tomar os recursos.


Juntos vocês fazem lanças e redes para pegar peixes, fazem facas e machados com rochas para caçar e se defender e fazem cestas e potes de argila para armazenar comida. Um antílope está sendo assado na fogueira — um grupo de caçadores da sua tribo literalmente o perseguiu até a morte, uma técnica chamada de caça de persistência


À noite, vocês se sentam em torno da fogueira que o grupo acendeu para cozinhar e manter os predadores à distância, conversam sobre os acontecimentos do dia e contam histórias até pegar no sono. Amanhã, você fará tudo de novo.


A biologia humana é otimizada para condições existentes 100 mil anos atrás, não para o mundo em que vivemos hoje. O alimento é abundante; os predadores, não. Você não precisa mais se manter em constante movimento; em vez disso, você provavelmente passa a maior parte do tempo em atividades sedentárias, como sentado a uma mesa diante de um computador. Dessa forma, enfrentamos muitas novas ameaças ao nosso cérebro e corpo, como obesidade, doenças cardíacas, diabetes, mal de Alzheimer e baixo nível de energia crônico.


Seu cérebro e corpo simplesmente não são otimizados para o mundo moderno. Parte do desafio de trabalhar no mundo moderno é o fato de o nosso cérebro e corpo serem configurados para a sobrevivência física e social, não para dezesseis horas de trabalho por dia. As empresas não existem por tempo suficiente para que a nossa biologia tenha se adaptado às novas demandas que impomos a nós mesmos.


Não seja muito duro consigo mesmo — você simplesmente não foi criado para o tipo de trabalho pelo qual atualmente é responsável. Ninguém foi — estamos todos correndo, exigindo novo software de um hardware antigo.


Fonte: http://book.personalmba.com/caveman-syndrome/


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